Alerta: Aparelho que bloqueia travamento de carros é nova arma dos bandidos


Dispositivo conhecido como 'Chapolin' é vendido no meio da rua no RS.
Veja como evitar que você seja mais uma vítima desse tipo de golpe.

O Fantástico traz um alerta: tem golpe novo na praça. Quantas vezes você já não estacionou seu carro, trancou e achou que estava tudo certo, tudo seguro? Mas não estava. Bandidos descobriram como bloquear o sinal do alarme e roubar o seu carro. Mas a gente ensina você a se proteger.


Porto Alegre, quarta-feira (2): dois homens são presos por suspeita de furto. Com eles, a polícia encontra um aparelhinho - um tipo de controle remoto conhecido entre os criminosos apenas como "Chapolin". Mas por que os bandidos estão usando cada vez mais essa tecnologia?


“Quando eu botei a mão no banco de trás, não tinha mais nada dentro do meu carro. Em cerca de cinco minutos, os cara conseguem depenar o carro”, conta uma vítima.
“É a tecnologia à favor do crime”, afirma delegado Juliano Ferreira.


Chaves codificadas. Alarmes sofisticados. Estacionamentos monitorados por câmeras 24 horas. E nenhuma garantia. “E eu saí normalmente, como se o carro tivesse lacrado. Quando eu retornei, eu apertei o alarme, ele abriu as travas. O carro estava normal. Sem indícios de arrombamento, sem indícios de nada”, conta o empresário Luiz Gustavo Finger.


Os bandidos invadiram o carro e roubaram cerca de R$ 5 mil em equipamentos eletrônicos, roupas e acessórios. Mas como os ladrões conseguiram entrar no veículo sem a chave? A resposta: um pequeno aparelho - uma espécie de controle remoto - é a nova tecnologia usada pelos criminosos. Ao ser acionado próximo a um veículo, ele bloqueia o sinal do alarme e impede que as portas sejam trancadas pelo controle remoto da chave.


“Ele acionando o dispositivo, a pessoa vai acionar o veículo pra fechar, no seu controle particular e o carro não tranca”, explica o delegado André Mocciaro.


Segundo os peritos do Instituto de Criminalística do Rio Grande do Sul, o equipamento consegue embaralhar os sinais eletromagnéticos enviados quando tentamos trancar o carro. Outros controles parecidos conseguem até mesmo copiar o código de segurança da chave.


Em dezembro, os investigadores chegaram a Rafael Horlle. No apartamento dele, estavam objetos retirados de veículos e também o bloqueador de alarme.


Em imagens da câmera de segurança, Rafael aparece no elevador do edifício onde mora em Porto Alegre. Segundo a polícia, depois de acionar o bloqueador de dentro do prédio, ele sai, invade um carro, retira uma mochila e sai caminhando. Rafael responde em liberdade por furto qualificado e pode pegar até oito anos de cadeia.


De onde vem este aparelho misterioso e para que ele serve? Na internet, ele é oferecido como um controle remoto, em sites internacionais de compra. O Fantástico encontrou outros aparelhos em lojas de eletrônicos no centro de São Paulo. Esses prometem ir além do bloqueio. Eles clonam os controles de quem estiver por perto.


“Eu tenho aí que capta frequência. Mas só uma frequência só, que é a 433”, diz a vendedora. ‘433’ é a frequência mais utilizada em controles de trancas de carros. “Você vai fazer só a cópia do controle. Dependendo da frequência do carro, do alarme do carro, ele cópia. Tem frequência que ele não cópia. Ele captura todos os 433. Todos os controle 433, que foram configurados na placa ele cópia”, completa ela.


No dia seguinte, o Fantástico comprou um dos aparelhos.


Fantástico: Eu posso copiar cada um, um código? Então eu posso copiar até quatro códigos?
Vendedora: Até quatro códigos.


Em Porto Alegre, o repórter Fábio Almeida descobriu que o aparelho é vendido no centro da cidade. “Bloqueia a frequência do carro dele. Bloqueia a frequência, não deixa ele fechar o carro”, explica o vendedor. O aparelho é vendido por R$ 1,6 mil.


O golpista revela: aproveita os dias de jogo para furtar os carros. “No jogo do Grêmio, eu peguei tanto ‘bagulho’ que tu nem imagina. Enchi meu carro. Peguei um monte de rádio”, conta. E até a polícia ele diz que já enganou: “Um dia a polícia me pegou com isso aí. Isso aqui é a chave do carro. É o alarme da tua casa. Eles não vão desconfiar”, garante.


A cara de pau é tanta que eles testam o aparelho no meio da rua. “Isso aqui é bloqueador de alarme. Pode entrar e levar tudo que ‘nós’ quiser”, conta um vendedor.


O Fantástico levou os controles comprados para serem testados pelo professor de engenharia elétrica da PUC-Rio, Gláucio Siqueira. “A gente está diante de um aparelho que é um simples controle remoto com o objetivo de controlar aparelhos de áudio e de vídeo. E, na realidade, ele usa a mesma frequência usada pelo controle remoto que trava o carro. Então, uma certa distância de até 30 metros, eu acionando esse controle remoto, ele bloqueará a informação do proprietário do carro para trancar o carro”, explica o especialista.


Para evitar o golpe, as pessoas vão ter que mudar o velho hábito na hora de estacionar. A maioria, quando encontra uma vaga, para logo o carro, desce, fecha a porta, aciona o alarme e vai embora. Mas a polícia diz que agora o motorista deve voltar para verificar se as portas estão mesmo trancadas e ter cuidado para que não aja ninguém muito próximo que possa clonar a frequência.


A tecnologia dos carros também ajuda. Trancas eletrônicas modernas geram códigos diferentes a cada vez que são acionados. Assim, a clonagem não funciona. “O acionamento mecânico do veículo, seja na chave, seja baixando o pino do carro, impede a utilização desse equipamento também”, aponta o delegado da Polícia Civil do Rio Grande do Sul André Mocciaro.


Outra recomendação: fique atento ao som do bip. Quando o bloqueador está acionado, não é possível ouvir o barulho do travamento das portas e nem o acionamento do alarme. “Diariamente, batem a nossa porta vítimas que tiveram o carro arrombados e até mesmo levados, muito provavelmente por este tipo de crime”, revela Juliano Ferreira, delegado da Polícia Civil do Rio Grande do Sul.


“Os caras fazem praticamente mágica. Entram, as tuas coisa desaparecem e eles continuam a vida normal deles. Esta é a maior sensação de impunidade’, afirma uma vítima.


Fonte: FANTÁSTICO


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