Segurança: onde começa nossa responsabilidade?

Por Carlos Rodrigues Costa*

O ditado já dizia: “a oportunidade faz o ladrão”. Um dito muito antigo, mas com princípio ativo vivo, isso mesmo, podemos dizer que em sua maioria, as ações de bandidos e marginais são praticadas porque as pessoas não têm a preocupação e consciência de que são responsáveis pela sua auto-proteção, ou seja, medidas básicas e pró-ativas que poderiam evitar situações como as muitas que vemos todos os dias nos noticiários de TV, rádios, etc.

Pessoas desprevenidas são assaltadas, seqüestradas, caem em golpes, ou até mesmo perdem a vida por descuidos com sua própria segurança. Um dos direitos básicos do ser humano previsto na Constituição Federal é o direito à Segurança, previsto no artigo 6º . Todavia, sabemos que o Estado não provê uma segurança satisfatória, visto a falta de investimentos com treinamentos para as Polícias, número insuficiente de efetivo para realizar o trabalho ostensivo, salários inadequados, enfim, são várias as necessidades para se prover a segurança satisfatória, mas não iremos aprofundar neste ponto, até porque sairíamos do foco deste artigo. O que eu quero dizer é que por mais que as conseqüências pela falta de comprometimento com sua própria segurança possam gerar resultados muitas vezes trágicos, não é fácil convencer as pessoas a mudarem seus hábitos.

Um exemplo do que acontece no cotidiano das pessoas, seja em casa ou nas ruas, pode ser visto dentro das organizações também. Poucas pessoas têm a consciência de que também são responsáveis pela Segurança interna da organização , obedecendo e disseminando as normas e códigos de conduta, sempre contribuindo para um ambiente seguro.

O bandido, marginal, golpista sempre existiram, atraídos pela falsa perspectiva de vida fácil (dinheiro, luxo, carros do ano) bem como pelo vício em drogas, porém entre os vários motivos que contribuem para o aumento da bandidagem, um dos principais chama-se oportunidade ou descuido. Isso mesmo, com o passar dos anos a vida das pessoas tem se tornado cada vez mais corrida, muitos compromissos e afazeres, muitos objetivos a serem alcançados, com isso se tornou natural que as pessoas estejam sempre atentas aos seus anseios principais, aquilo que as move à correria do dia a dia, deixando assim de prestar atenção em pequenas coisas, por exemplo: quem não se lembra dos recentes noticiários de TV onde não só um, mas vários casos de pais que tiveram seus filhos mortos por terem esquecido-os no carro enquanto iam para o trabalho? Este, com certeza, não é o exemplo que eu gostaria de citar aqui, mas infelizmente é a realidade para onde muitos têm caminhado diante da rotina e a correria, que às vezes, nos faz deixar de prestar atenção, ou melhor, nos leva ao descuido e desatenção.

A responsabilidade sobre a segurança não se restringe apenas aos Órgãos Militares, ao Estado, às Prefeituras. Sem dúvida, é preciso sim prover melhores salários para as polícias, melhorar sua formação e conhecimento para combater o crime, aumentar o efetivo. No entanto, urge para nós – cidadãos – a mudança de atitude e postura no sentido de comprometermo-nos com o estado de segurança que tanto almejamos, e principalmente, conhecer de fato quais princípios compõem a segurança pública a fim de estarmos aptos a cobrarmos de nossos representantes políticos o cumprimento de seus deveres.

Será que em meio a tantas prioridades profissionais e financeiras, consegue-se reservar um tempo para a educação e afeto aos filhos? Ou a responsabilidade de educá-lo (enquanto formação de caráter, valores, personalidade) está delegada à escola ou à babá? Será que o cuidado em checar a segurança de nossas residências antes de nos ausentarmos delas tem sido constante? Ou deixamos a cargo da Segurança Pública a garantia da integridade de nossos bens? Exemplos de perguntas as quais devemos nos fazer, não nos descuidar daquilo que é simples, mas essencial, justificando-os pelo envolvimento com a rotina e responsabilidades diárias. O aumento da insegurança também é promovido pela própria população, por questões culturais, políticas e econômicas, convenhamos; mas sobretudo por questões culturais: modos de vida, pensamentos, costumes que se têm tornado tão volúveis e desprovidos de sentido quanto nós mesmos.

Se eu cumpro com meu dever de pai/mãe, contribuindo para a formação sólida de valores e caráter de meus filhos, certamente as possibilidades de que eles se envolvam com más companhias diminuirão. Se eu enquanto cidadão consciente tomo o devido cuidado em trancar minha casa enquanto saio, com certeza irei dificultar a ação de bandidos e marginais contra meus bens. Zelar por uma estrutura familiar sólida, estável e harmoniosa refletirá no caráter de crianças e jovens, diminuindo consideravelmente as chances de que eles sejam mais um delinqüente no mundo do crime.

Enfim, falar em Segurança Pública,significa falar também de educação de qualidade, equilíbrio familiar, formação de caráter preferencialmente com princípios cristãos, vínculo familiar fortalecido proporcionando o respeito ao próximo, a elevada auto-estima, o seguir pelo exemplo dentro de casa. Portanto, nossa responsabilidade com a Segurança Pública é mais ampla do que imaginamos, ou melhor, ela também é nossa responsabilidade; tanto quanto daqueles que dedicam boa parte de suas horas diárias para garantir a ordem pública.


* Carlos Rodrigues Costa, Autor do DicaSeg, Consultor e Gerente de segurança Empresarial. Especialista em Segurança, graduado em segurança pública (Unisul). Atua na análise de riscos e vulnerabilidades no ambiente empresarial corporativo e na implementação de controles de segurança em ambientes de alto risco (Data Centers)



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