Mudança de comportamento como o princípio para um novo ambiente de Segurança e de Defesa

Por Carlos Rodrigues Costa*

Nossa conduta reflete nossa essência, nosso caráter e formação. E, ao longo da vida, vamos acrescentando a esta conduta as influências que recebemos do meio em que vivemos: do convívio social, da cultura e dos costumes. Vamos nos adaptando, como tática de sobrevivência. Mas não somos apenas um produto destas influências: também somos ativos e influenciamos, mudamos, transformamos. Somos altamente capazes para promover esta transformação, a todo momento; o que nos impede, na maioria das vezes, é a nossa resistência, nossa necessidade de controle, nossa ilusão de poder, nossa vaidade e, principalmente, nosso egoísmo.

Não apenas no âmbito da segurança pública, mas na economia, política, saúde, mídia, enfrentamos absurda resistência e apego a paradigmas. Nos vemos, constantemente, sujeitos a transpor novos limites, o que nos exige abertura para mudar nosso comportamento. O terrorismo crescente é fruto dos dogmas humanos – religiosos ou étnicos – que se pautam fundamentalmente no egoísmo. E, se enquanto governante, militar ou cidadão, desejamos abolir o terrorismo, como poderemos sendo resistentes, egoístas e presos a ideologias? Como poderemos conscientizar cidadãos e nações de que todos somos responsáveis por promover nossa própria segurança se nem mesmo tenho consciência da abrangência da minha responsabilidade enquanto profissional de segurança? Como posso disseminar a democracia se eu mesmo – enquanto exemplo de representação dela – não abro mão da sensação de privilégio sobre determinadas áreas do conhecimento e informação? Esqueço-me que este conhecimento disseminado é crucial para gerar a transformação do comportamento de cidadãos e de uma nação inteira. De fato, se se deseja cooperação ao invés de coerção, negociação ao invés de conflito, paz e não guerra, precisamos mudar nossa mentalidade, nosso foco, nossa prática, para então conseguirmos influência social. Tudo que nos tira da zona de conforto, sem dúvida, causa apreensão. Mas agora é tempo de quebrar paradigmas e livrar-se das antigas premissas: o foco é a promoção da ordem pública, o todo e não as partes (“a minha parte”).

Em suma, todos somos cidadãos e usufruímos do direito de conhecer e refletir sobre as Políticas de Segurança e de Defesa Nacional, sempre respeitando o jogo democrático. Mas para legitimar a conduta democrática e a consciência cidadã, produzindo paz e bem-estar social, precisamos nos comportar como autênticos guardiões de Segurança, defendendo direitos constitucionais, cumprindo deveres e exigindo do Estado o cumprimento do seu real papel.

Este artigo reforça a critica elaborada por Felix Cardoso Junior: Idéias e instrumentos para um novo ambiente de Segurança e de Defesa.


* Carlos Rodrigues Costa, Autor do DicaSeg, Consultor e Gerente de segurança Empresarial. Especialista em Segurança, graduado em segurança pública (Unisul). Atua na análise de riscos e vulnerabilidades no ambiente empresarial corporativo e na implementação de controles de segurança em ambientes de alto risco (Data Centers)



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